1.Certifique-se da compreensão dos fundamentos teórico-conceituais do modelo fenomenológico-existencial: do existencialismo como base filosófica, uso do método fenomenológico e dos princípios humanistas.
2.Verifique se tais fundamentos fazem, verdadeiramente, sentido para você.
3.Leia atentamente a ficha de triagem do cliente indicado e construa mentalmente seu mundo circundante sem, contudo, precipitar-se em interpretações. Observe se existe algum impedimento para que possa atende-lo. Concentre-se na queixa principal e a situe entre as questões existenciais acerca da condição humana em geral.
4.Lembre-se sempre que a busca de uma psicoterapia, antes de caracterizar um distúrbio, caracteriza o esforço de saúde para lidar com a angústia e, que sempre é difícil compartilhar com um estranho determinadas situações da vida que desejamos afastar ou negar para nós próprios.
5.Inicie o processo tornando-se familiar ao seu cliente procurando vê-lo como uma pessoa, não um caso. Lembre-se que o processo começa com o estabelecimento de uma relação pessoa-pessoa. Evite a relação médico-paciente, pois isso dificulta a redução fenomenológica.
6. Embora seja inevitável traçarmos alguma idéia a respeito do problema que ele nos traz, evite a busca de confirmações de hipóteses sobre seu drama existencial.
7.A primeira fase do processo é conhecer o seu mundo circundante e conseguir seu aceite para estabelecer uma relação no seu mundo humano. Para isso é fundamental que o terapeuta também conceda ao cliente um espaço em seu mundo humano.
8.Procure exigir de si mesmo a mesma autenticidade que busca em seu cliente. Observe-se em suas próprias dificuldades existenciais e reflita sobre elas. Se necessário, busque ajuda para desfazer seus nós existenciais. É comum que o próprio cliente nos ajude a identifica-los.
9.Evite a tentação de oferecer respostas suas para os problemas dele. É muito comum sentirmos incompetente por deixarmos perguntas sem respostas, mas é fundamental que lembremos que as respostas já estão com o cliente e a nossa função é auxilia-lo a assumi-las.
10.Acolha com muita atenção o que ele diz, não negligenciando a fala do corpo, das pausas, das palavras que escolhe e, também, o que ele não diz (suas omissões, suas dificuldades para expressar o que sente ou estabelecer relações simples entre suas percepções).
11.Nas sessões de orientação de estágio, lembre-se que a maior parte do que ocorre durante as sessões de psicoterapia é impossível de ser passada ao supervisor. Assim, concentre-se mais no relato da vivência, de suas percepções e sentimentos do que na fala da fala, ou seja, no relato do que foi dito por ele ou você. Isso não é uma proibição, mas uma sugestão que pode auxilia-lo mais na compreensão (não nos preocupemos tanto com a explicação) e na manutenção do sigilo da história de seu cliente.
12.Mantenha o prontuário do seu cliente sempre atualizado. Além de ser importante para uma Clínica-Escola, mostra o respeito pelo cliente, uma vez que não se tem uma consideração positiva por alguém se só nos importa os benefícios que ele nos traz.
13.Não falte às sessões de orientação. Lembre-se de que o seu supervisor é co-responsável pelo atendimento e precisa estar acompanhando seu desenvolvimento. Seus colegas compartilham experiências e não apenas doam para você.
14.Elabore bem dos relatórios do estágio e do caso (este último não deve sair da Clínica-Escola) e entregue no prazo combinado. Ele é um documento para você, para o supervisor, para a Clínica e para o Conselho Regional de Psicologia.
15.Construa o contrato de forma a evitar telefonemas e realinhamentos constantes. Delimite o tempo (término ou interrupção do processo, ou seja, até quando poderá atende-lo), que expira com o término do período letivo.
LEMBRE-SE QUE NESTE ESTÁGIO VOCÊ TEM A PRIMEIRA OPORTUNIDADE DE SER PSÍCÓLOGO PROFISSIONAL. EMBORA SEJA CONSIDERADO ALUNO NUMA PERSPECTIVA ACADÊMICA, VOCÊ JÁ ATUA PROFISSIONALMENTE. NÃO SE TRATA MAIS DE FREQUÊNCIA E NOTA, MAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E PERÍCIA TÉCNICA E HUMANA.
PROPOSTAS PARA SESSÕES DE SUPERVISÃO
A Supervisão em psicoterapia acontece de formas diferenciadas, segundo os princípios de cada modelo. A Psicoterapia de orientação fenomenológico-existencial guarda algumas peculiaridades por ser dialógica, por não se privilegiar tanto a técnica ou projeto de terapia, mas pelo sentido da terapia e pelas intuições e vivências do terapeuta, do cliente e, principalmente, do encontro destes dois (Eu -Tu). Assim, para fazermos da supervisão um verdadeiro encontro entre supervisor – orientando, sugiro que reflitam nas questões abaixo para evitarmos o exaustivo (e improdutivo) relatório detalhado dos fatos e partirmos para a essência do encontro psicoterápico. Obviamente, não estaremos impedindo tais relatos quando forem sentidos como essenciais e, até recomendamos o registro dos mesmos para o orientando. Com isso, além de estarmos trabalhando num espírito fenomenológico, estaremos preservando a história do cliente, sua identificação e respeitando a iniciativa do orientando evitando corrigi-lo antes de inspira-lo. Estaremos também otimizando o tempo de supervisão para que todos participem.
REFLITA AGORA:
1.COMO ME SENTI DURANTE A SESSÃO?
2.COMO PERCEBO A RELAÇÃO EU-CLIENTE?
3.QUAL FOI A ESSÊNCIA DA FALA DO CLIENTE? (necessidades, possibilidades, autenticidade, emoções, sentido, etc.)
4.O QUE A SESSÃO ME LEVOU A REFLETIR SOBRE A CONDIÇÃO DO CLIENTE?
5.O CLIENTE APRESENTOU ALGUM INSIGHT SOBRE SUA CONDIÇÃO?
6.COMO ISSO SE RELACIONA COM A CONDIÇÃO HUMANA (TEORIA)?
7.COMO ESTOU ME SENTINDO AQUI, NA SUPERVISÃO?
ROTEIRO PARA ANÁLISE DE RESULTADOS DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO E ELEMENTOS PARA ELABORAÇÃO DE RELATÓRIO FINAL.
MODALIDADE: ORIENTAÇÃO EXISTENCIAL-HUMANISTA
PROFESSOR: MAURÍCIO TANNUS DIAS
1.Como se deu a opção por essa orientação em psicoterapia?
a)Esse era o modelo de psicoterapia pretendido por você?
b)Foi devido a alguma experiência negativa em outros modelos?
c)Aconteceu por força de sorteio?
2.Como foi seu preparo para iniciar os atendimentos no semestre?
a)Leu os textos recomendados?
b)Freqüentou as aulas teóricas participando ativamente?
c)Acompanhou as primeiras recomendações do supervisor?
d)Participou do seminário sobre aspectos administrativos da Clínica?
3.Após a liberação para o atendimento:
a)Analisou a ficha funcional do cliente?
b)Preparou-se técnica e pessoalmente para o primeiro encontro?
c)Registrou os dados da primeira entrevista no prontuário?
4.Entrevistas preliminares:
a)Procurou ampliar o conhecimento acerca da história de vida do cliente?
b)Conteve a ansiedade/insegurança nos primeiros encontros?
c)Estabeleceu um contrato bem claro sobre o trabalho a ser realizado (horários, freqüência, explicou sobre o processo, responsabilidades de cada um, honorários, procedimentos administrativos, etc.)?
5.Estabelecimento da Relação Terapêutica:
a)Propiciou o clima adequado para a relação pessoa-pessoa
b)Procurou compreender a vivência de seu cliente a partir da realidade dele, evitando pré-julgamentos ou hipóteses durante a sessão?
c)Concentrou-se na absorção da história de vida e vivencial do cliente, ao invés de preocupar-se em dar respostas ou explicações sobre sua situação?
d)Como você se sentiu na relação com o cliente?
6.Evolução do processo:
a)Procurou fazer intervenções apenas após analisar e compreender as características da personalidade do cliente?
b)Após cada sessão utilizou cerca de 10 minutos para analisar o encontro (sua performance e a condição de seu cliente) e associar os seus elementos à teoria?
c)Procurou literatura adicional que auxiliasse sua melhor compreensão acerca do caso e/ou da prática psicoterápica?
d)Procurou extrair a essência do encontro para leva-la à supervisão de forma clara e concisa?
7.Dimensão técnica:
a)Compreendeu e praticou o diferencial da relação pessoa-pessoa neste modelo de psicoterapia dialógica?
b)Conseguiu iniciar a prática da redução fenomenológica/aceitação incondicional, consideração positiva, etc.
c)Compreendeu que o foco das intervenções não são as coisas faladas em si, mas o sentido que elas apontam?
d)Cumpriu fielmente o contrato, não atrasando ou faltando e mantendo as sessões no tempo estabelecido?
8.Investimento pessoal:
a)Participou ativamente e de forma assídua às aulas teóricas (se não, como procurou compensar), no caso de estágio 8; e no caso do estágio 9, procurou rever os textos estudados no semestre anterior e somar a outros estudos complementares sobre o tema?
b)Identificou questões pessoais que pudesse incrementar o seu processo pessoal de análise? Em caso afirmativo, como agiu diante disso?
c)Apresentou o seu trabalho de maneira fidedigna durante as supervisões?
9.Aspectos Acadêmicos:
a)Elaborou os relatórios de forma cuidadosa e precisa, de forma a registrar seu desenvolvimento mês a mês?
b)Acompanhou os procedimentos administrativos da Clínica desde o cumprimento de horários, reserva de sala, etc. até o acompanhamento de pagamentos e preenchimento dos formulários exigidos?
c)Participou das supervisões interagindo com os seus colegas de supervisão, chegando na hora, prestando atenção nos relatos e opinando no acompanhamento dos casos?
10.Fechamento do semestre letivo:
a)Lembrou ao cliente o número de sessões que faltavam até o recesso/término da relação terapêutica?
b) Elaborou um relatório final cuja redação, ao mesmo tempo que consiste numa memória do atendimento preserva o sigilo com o qual se comprometeu?
c)Fez o encerramento do semestre preenchendo o formulário Dados Finais de Atendimento e assinando?
11.RELACIONE AS DIFICULDADES DE ORDEM TÉCNICA E ADMINISTRATIVA, BEM COMO SUGESTÕES PARA RESOLVÊ-LAS, TANTO DA CLÍNICA QUANTO DA SUPERVISÃO EM SI.
OBS. Não se trata de responder às questões acima, mas de se inspirar nelas para elaborar o seu relatório final.
AUTO-AVALIAÇÃO: Considere seu desenvolvimento no estágio numa escala de 0 a 10 pontos. Se quiser, pode justificar a avaliação, mas não será preciso.
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